sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Universidade Estácio de Sá (Parte 2 do post anterior)

     Olá, galera! Agora, para encerrar de vez o assunto e continuar com os posts sobre História Militar, vou explicar minhas razões de escolher a Estácio de Sá para concluir meus estudos de Licenciatura em História. 
     Como disse antes o polo Duque de Caxias da CEDERJ era o mais próximo da minha residência. Porém, ainda assim, era bem distante! O deslocamento era feito, normalmente, pegando duas conduções ou carona (Não dirijo... minha esposa faz o papel de motorista da família). Não tínhamos escolha de datas de prova: o calendário era extremamente fixo, perder uma prova te levava, praticamente, para a "prova final". Eram dois finais de semana seguidos de provas... Comecei a procurar uma Universidade mais próxima de casa. Encontrei a Estácio do Campus Madureira Shopping... Opa, um Campus dentro de um Shopping! Muito bom, mas isso não era motivo suficiente, não é mesmo? Fui visitar o Campus e vi que a estrutura física da instituição era impecável! Todas as salas com ar condicionado e computadores. Rampas de acesso para deficientes em todos os acessos. Bebedouros e máquina de café. Monitores e atendentes para recepcionar e orientar... Caramba, era assim que a faculdade pública deveria ser! Afinal, para onde vão os nossos impostos?! Fui atendido de forma educada e atenciosa. O valor mensal para o curso a distância, com desconto para segunda graduação, ficou abaixo de R$200,00 na época (Com as correções até o dia de hoje pago R$207,00 mensais). Quer mais vantagens? O aluno tem duas semanas em que pode agendar suas provas... Pode escolher, dentro dessas duas semanas, dia e hora para realizá-las! Flexível, não é mesmo?
     Pontos negativos? Um ponto principal: o preconceito. Sim, existe um enorme preconceito contra a Universidade particular. O "Senso Comum" diz que as faculdades particulares tem um nível inferior de ensino comparadas às públicas. "O diploma não vale tanto no mercado", eu escutei de muitos. O pior é perceber que a particular é melhor na esmagadora maioria dos aspectos. É uma baita injustiça! Você entra em uma Universidade Pública e vê tudo errado... Descaso com as instalações, professores apáticos e desleixados, alunos mal educados, intolerância com o diferente... E o que se prega por lá? Totalmente o oposto: liberdade de pensamento, compreensão... E onde você acha tudo isso? Na particular! Onde está o aluno pobre? Na federal? Não, ele está na universidade particular! É só entrar em um campus de uma faculdade particular qualquer no subúrbio e depois ir até a UFRJ. Compare. Onde estão os alunos com menor renda? Pois é, leitoras e leitores, é na particular, pagando mensalidade com muito esforço, que o pobre está! Agora, por quê o mercado valoriza mais um diploma de uma federal? Será que um aluno que se esforçou para pagar uma faculdade com o suor de seu trabalho não tem condições de competir com alguém que estuda de graça em uma federal? Ao contrário de tudo o que eu havia escutado de muitos professores e alunos da federal, encontrei uma excelente instituição de ensino na Estácio. Eles respondem os fóruns, conversam com os alunos, respeitam os prazos de divulgação de notas... Deveria ser o normal, não é mesmo? Mas não foi assim que aconteceu no CEDERJ. 
     Galera, há o menor problema em se formar em uma faculdade particular. Estou dizendo isso depois de me graduar na UNISUL (particular), fazer uma pós-graduação presencial na UNIRIO (federal. Reparem que consegui a vaga na pós em uma federal após cursar Comércio Exterior em uma Universidade Particular! Concorri pela vaga com gente da UERJ, UFRJ, UFF etc. e saí com uma vaga!) e de passar no vestibular do CEDERJ, cursar 6 semestres e depois trocar para a Estácio sem medo de ser feliz! Passei por várias instituições que acabei abandonando, também, por motivos diversos. Com meu diploma de faculdade particular consegui vaga como professor de curso preparatório, sem problemas. 
     E por isso eu digo, definitivamente: faculdades particulares são muito boas, também! Dediquem-se, estudem, tirem suas dúvidas! Não se limitem com a matéria passada em aula, busquem mais! Participem de palestras, escrevam artigos científicos, montem Blogs... Sejam felizes! Estou aqui a disposição para esclarecer qualquer dúvida que tenham em relação a Estácio ou para compartilhar experiências vividas no CEDERJ ou em outros estabelecimentos de ensino. Um grande abraço!
     


quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Por quê abandonei o CEDERJ - Parte I

     

Salve pessoal, como vocês estão? Espero que todos estejam bem e prontos para mais um dia! Como havia prometido anteriormente, vou expor nesse post meus motivos para ter abandonado o curso de Licenciatura em História pelo CEDERJ e ter começado tudo de novo na Estácio de Sá. O assunto vai render, então dividi em duas partes: a primeira vai explicar por quê deixei o CEDERJ e a segunda explicará por quê escolhi a Estácio. Vamos lá!

     O CERDERJ foi uma ideia excelente. Os cursos superiores oferecidos à distância são uma boaopção para quem não pode cursar o presencial por qualquer motivo. Levar os cursos das faculdades federais até alunos distantes das instalações dos grandes centros foi uma iniciativa louvável. 
     Mas o meu primeiro problema foi exatamente a distância: o polo que eu frequentava (que era o mais próximo da minha residência) ficava muito distante. Como não dirijo (pois é, odeio dirigir) gastava muita grana para fazer as provas. Eram duas conduções para chegar até a FEUDUC em Caxias. O esquema das provas também não me facilitou: fim de semana sempre. O que ocorreu é que eu tinha que comparecer em dois fins de semana seguidos, sábados e domingos, manhã e tarde na maioria das vezes, só para fazer provas. E eu sou militar, tiro serviço, também nos fins de semana. Ou seja, nos meses de prova era uma dor de cabeça: dois fins de semana fazendo provas e um tirando serviço... Sou casado e tenho uma filha, ou seja, perdia um tempo valioso com a minha família em prol do estudo. Isso seria até aceitável, minha esposa e minha filha compreendiam (ficavam um pouco tristes com a ausência, mas  entendiam) mas não foi o único motivo.
     O segundo problema foi a falta de estrutura do meu polo presencial. O polo de Caxias passou por obras assim que entrei no CEDERJ e ficou "aceitável", porém ele é pequeno para a quantidade de alunos e por isso as provas não podiam ser realizadas por lá. A solução era utilizar escolas públicas "próximas". E aí o que ocorria era que fazíamos prova em uma sala de aula com cadeiras projetadas para crianças, com as salas sem iluminação e a escola sem água nos banheiros... É isso mesmo, condições péssimas! Não sei ao certo por que isso ocorria, o provável é que, para economizar luz e água a escola desativava a energia e fechada os registros. Uma prova na parte da manhã de sábado, por exemplo. A segunda prova era realizada na parte da tarde! Ou seja, o aluno fazia uma prova de 9 até 10:30h e ficava aguardando em um local sem água e luz até 13h para realizar a segunda prova do dia! Será que vale tanto sofrimento? "Ah, mas é de graça, o ensino é muito bom e o diploma é de peso no mercado". Como ouvi isso de amigos e parentes! E fui ficando, apesar da revolta. Mas não para por aí.
     O terceiro problema que me levou a abandonar o CEDERJ, e o mais grave na minha concepção, foi o tratamento professor-aluno. Quando você começa a estudar uma Licenciatura qualquer começa a aprender didática, ética etc. Pois tudo que se aprende nessas matérias é feito de forma reversa pelos professores (a maioria deles) no CEDERJ. Vou dar um exemplo: você posta uma dúvida no dia x. No dia x+4 a dúvida ainda não foi respondida... Você tenta falar com o professor e nada. Aí você reclama com o coordenador e este, no dia x+6 obriga o professor a te responder. O professor, então, responde sua dúvida de má vontade e da forma mais simples possível. Sem exagero, pessoal, já obtive uma resposta assim: "Procure melhor no sue material didático". Como se eu já não houvesse procurado! É uma frieza só na maioria das vezes, salvo honrosas exceções.  Onde está a Pedagogia Freireana que eles tanto pregam? Onde fica o respeito pelo aluno? As vezes fica a impressão de que alguns professores sentem um prazer inconfessável em dar notas baixas para a turma. Quando você tira uma nota baixa, ok, deve estudar e se esforçar mais para melhorar. mas e quando TODA A TURMA tira notas baixas? Por três semestres seguidos uma professora deixou mais de 90% da turma em prova final em sua matéria. Três turmas diferentes! O problema, nesse caso, é do aluno (dos alunos) ou da professora?! Mas a coordenação ficou ao lado da professora! Só faltou justificar da seguinte forma (super acadêmica): "Não adianta chorar, vocês foram mal e pronto". Aliás, nenhuma reclamação de nenhum aluno da minha turma, em três anos de CEDERJ, surtiram algum resultado positivo para o reclamante. Extremamente desagradável! A maioria das pessoas na minha turma eram pessoas com mais de 30 anos, empregadas, com família instituída. E eram tratados como crianças! Pessoas extremamente inteligentes e dedicadas, sem dúvida! Imaginem vocês a decepção de receber um resultado de uma prova que você sabe que estudou e se dedicou e... PAH! 4,5... Isso acontecia com alguma frequência, amigos. E ai de você que reclamasse! 
     Isso foi me cansando... Meu CR estava bem (eu disse no outro post que estava em 8,2, mas fui conferir e, na verdade, estava 7,6, pois no final deixei de fazer algumas provas) e eu podia continuar (faltava mais um ano para eu concluir o curso!) até o final "empurrando com a barriga". Mas eu tenho meu emprego e estou estabilizado, não tenho que ficar me aborrecendo por um diploma que eu quero muito, mas que não tenho pressa em obter... Faço História por amor à disciplina! E tenho condições de pagar uma faculdade particular! Foi aí que comecei a procurar uma outra faculdade e encontrei a Estácio. Vocês não tem noção de como eu fui chamado de burro por todos quando eu disse que ia trocar o CEDERJ pela Estácio... Mas no próximo post vou explicar o que há de diferente entre uma e outra e talvez vocês me deem razão (ou não...).

Continua...

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O RPG e a História

   

     Há muito tempo atrás em uma galáxia distante... Eu conheci um jogo chamado de Role Playing Game (RPG). Foi exatamente em 1992 que encontrei um grupo jogando GURPS (Generic Universal Role Plaing System). Desde então, foram muitos anos de jogatina utilizando vários sistemas diferentes e viajando por diversos mundos e situações. Como sempre gostei muito de História, o RPG foi uma "Mão na roda" para que eu pudesse simular situações de combate e cenários históricos. E sempre achei que jogar RPG seria uma excelente ideia para se aprender História! 
     Pra quem não sabe, o RPG é um jogo onde se interpreta papéis, como se fosse um teatro. Cada jogador cria uma personagem e deve agir de acordo com a personalidade que o mesmo escolheu para ela. Sim, você cria todos os aspectos de sua personagem: se ele é forte, ágil ou inteligente, se tem algum vício, se é rico, pobre. Pode-se criar qualquer tipo de personagem em qualquer época dependendo do RPG escolhido. No caso do GURPS (Meu sistema favorito) pode-se criar histórias em qualquer período da História (E mesmo aventuras futuristas). O nível de detalhamento do GURPS é absurdo! Todos os aspectos podem ser levados em consideração, desde os parâmetros básicos até as minúcias como o peso que a personagem leva consigo afetando o deslocamento. Uma pessoa assume o papel do Mestre de Jogo e passa a narrar os fatos, interpretando todos os "coadjuvantes", ou seja, todos as personagens que não foram criadas pelos jogadores. As ações são baseadas em parâmetros predefinidos e refletidos em números. Deve-se jogar dados para verificar se as ações foram bem sucedidas. Quanto maior é um parâmetro, mais chance se tem de ser bem sucedido em uma ação. A ideia aqui não é descrever detalhadamente como se joga RPG, então acho que o que descrevi até aqui é o suficiente para que o leitor entenda onde quero chegar.
     Uma das coisas que os alunos mais reclamam da aula de História em geral é a falta de dinâmica dos professores. O esquema é sempre o mesmo: ou o professor lê e explica o conteúdo ou faz com que seus alunos leiam para depois começar um debate. Na maior parte do tempo, nos dois casos, o aluno está passivo. Agora imagine uma aula de História da Segunda Guerra Mundial onde os alunos assumem papéis de protagonistas, agindo dentro de um contexto histórico. Isso faria com que o aluno ficasse mais atento e mais envolvido na aula. Ele passaria a atuar como um diplomata, um general, uma civil em meio a guerra, um repórter... Isso é apenas uma das abordagens possíveis! Pode-se criar "n" situações e envolver os alunos, basta um professor que tenha conhecimento de como se joga o RPG. 
   Já existem algumas iniciativas, como a do professor Ricardo Ribeiro do Amaral disponível no site: http://www.rpgnaescola.com.br/ Eu espero sinceramente que um número maior de acadêmicos entendam a importâncias da técnica do "teatro da mente" no ensino em geral.
     Em 2005 fui voluntário do projeto "Amigos da Escola" em Itu, São Paulo, e jogava com as crianças nos fins de semana como atividade complementar. Foi uma experiência muito positiva, apesar de extracurricular para os alunos, mas acredito que o RPG pode ajudar muito além disso. Entender que nem toda luta na era medieval acontecia entre cavaleiros com armaduras e espadas já é um começo (entender que uma parcela mínima do combate acontecia com alguém de armadura completa seria o ideal...). O GURPS nos ensina que alguém utilizando um machado de combate não consegue golpear rápido o suficiente para acertar dois ataques seguidos, pois o machado é uma arma desbalanceada que exige preparação para o ataque. Ensina que armaduras de metal são extremamente caras e que quase ninguém na era medieval era capaz de ter uma armadura e que era muito complicado vesti-la de repente (vestir uma armadura requeria alguém para afivelá-la em você...). Esses e outros detalhes são muito importantes para o historiador militar!
     Enfim, este post tem a finalidade de instigar em vocês a curiosidade sobre como o RPG pode ajudar em sala de aula, especialmente nas aulas de História. Se você não sabe do que se trata o RPG e meu artigo não foi suficiente para responder suas perguntas, eu fico feliz! Sinal de que você realmente se interessou pelo assunto. Neste caso procure na internet e vai encontrar informações suficientes para esclarecer suas dúvidas. Se preferir, pode perguntar aqui nos comentários que terei enorme prazer em responder!

Até mais!




quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Retornando ao Campo de Batalha!

     

    
     Olá, pessoal, como estão vocês? Faz bastante tempo que não escrevo nada por aqui, não é mesmo? porém, resolvi reativar meu Blog e voltar a postar novidades sobre História Militar e sobre atividades militares em geral. Por quê passei tanto tempo sem dar sinal de vida? Vou ser bem sincero com vocês. Não tenho um motivo específico para dizer... Nesse período fora da "Blogosfera", dediquei um tempo a outras atividades que também me deixaram feliz. Editei junto com amigos uma revista de História on-line (Revista Heródoto) que teve três números publicados (A revista era trimestral). Foi uma experiência muito boa para todos os envolvidos, mas por questões logísticas tivemos que encerrar as atividades. Trarei parte dos meus artigos publicados por lá aqui no Blog para vocês terem uma ideia que como ficaram. Além disso, tomei uma atitude que causou perplexidade no pessoal mais próximo: abandonei o CEDERJ e fui fazer História na Estácio! Isso mesmo, troquei a UNIRIO pela Estácio. E estou muito feliz com a minha decisão. Vejam vocês, estava no 6º período na faculdade federal, com CR=8,2 e joguei tudo para o alto, me transferi para a Estácio de Sá e não aproveitei nenhuma matéria! Comecei do zero, tudo de novo! "Mas por que você fez isso, seu louco?", você deve estar se perguntando. Essa resposta vai precisar de um post inteiro... Eu explico depois, agora suba no carro! rs... 
     Teve a cirurgia, também. Retirei um cisto sebáceo do meu pescoço há pouco tempo. Eu estava com esse cisto há mais de 20 anos, já fazia parte do meu "look". Mas ele enjoou de mim, inflamou e começou a ficar difícil nossa convivência. Tive que expulsá-lo, não teve jeito! Se alguém tem um cisto sebáceo fica aqui uma dica: retire o quanto antes, não esperem que haja complicação! Ele estava enorme quando foi retirado e isso complicou um pouco a retirada. Mas, no fim, ficou tudo bem!
     Agora postarei aqui pelo menos uma vez por semana. Espero contar com o feedback de vocês de vez em quando e prometo responder a todos ( a não ser que receba tantas mensagens que não consiga dar conta, mas acho que por enquanto esse não será o caso...). Um grande abraço, até a próxima!

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Pensamento ocidental x pensamento oriental


     É difícil para um ser humano lidar com ideias diferentes das suas. Mesmo dentro de uma mesma cultura há diferentes manifestações, como no caso do Cristianismo, dividido em várias vertentes desde seu surgimento. Quando se trata, então, de culturas muito diferentes o problema da compreensão e tolerância se torna ainda maior. É o caso do pensamento “ocidental” versus o pensamento “oriental”, dois conceitos que em si já são de difícil definição, pois existem dentro do ocidente, assim como entre os países do oriente, grandes diferenças culturais, como bem destacou o prof. Mário Sproviero em seu artigo “Oriente e Ocidente: Demarcação”. Principalmente da parte dos ocidentais, há uma falta de informação (e muitas vezes falta de vontade de se obter a informação) sobre os hábitos e costumes dos “povos distantes”, gerando algumas distorções e erros de interpretação. A lógica do pensamento de um ocidental e de um oriental é, em geral, bem diferente, e qualquer um que se proponha a estudar uma cultura deve começar entendendo como um determinado povo pensa. A série “O Ocidente e o Oriente” mostra o excelente trabalho desenvolvido por pesquisadores de vários países sobre o tema, e passarei a resumir os vídeos no próximo parágrafo, destacando as ideias principais.
      Para os orientais tudo no universo é constituído e permeado por uma energia chamada de “Chi” na China, mas que assume outros nomes em países distintos (“Ki”, no Japão, por exemplo). Para eles, os eventos tem sempre relação com tudo o que está ao seu redor, o externo em relação ao interno. Esse pensamento difere do pensamento clássico ocidental, que geralmente dá valor ao interno, ao individual. Através de imagens e perguntas simples os pesquisadores do documentário demonstraram como a maioria dos ocidentais, em um julgamento, se atém mais às formas enquanto os orientais se preocupam mais com a substância. A influência mútua de tudo sobre tudo é explicada pela chamada Rede de Indra, conceito hinduísta/budista que afirma que tudo está interligado na natureza. A Rede de Indra seria uma teia infinita com várias joias penduradas nos vértices da mesma. A ação de um ser humano, de um animal, nunca é um ato isolado: sofre influência energética de tudo ao seu redor. Desta forma, por exemplo, seria impossível estar em paz em um local onde todos estão nervosos. Uma “joia” na Rede de Indra reflete a outra, ou seja, a raiva dos outros “refletiriam” no indivíduo supostamente em paz. As diferenças de pensamento entre estas duas regiões do mundo se explicam em grande parte através da filosofia/religião adotada por cada uma. A tradição judaico-cristã, predominante no ocidente, entende que as ações humanas definem suas atitudes de forma individual. Ou seja, um ser humano é totalmente responsável por seus atos, que definirão, em última instância, se ele é uma boa pessoa ou uma má pessoa (e para onde sua alma irá quando sua existência se extinguir). Essa dicotomia bom vs mau está arraigada no subconsciente do ocidental. No oriente, é comum uma outra abordagem, que tem como base o conceito do Yin/Yang, o equilíbrio entre a energia negativa e positiva, presente em tudo e em todos. Segundo esta lógica, não há como eliminar a energia negativa. Isso causaria um desequilíbrio, visto que sem o mau não existiria o bem e vice-versa. Então, seria necessário manter o equilíbrio entre as duas forças para se viver bem. A série de pesquisas desenvolvidas pelos pesquisadores no documentário demonstraram de forma prática estas diferenças. As respostas diferentes às mesmas questões deixaram claro as diferentes abordagens entre as duas formas de se pensar o mundo.
      Quando os europeus começaram o processo de colonização na Ásia, se depararam com culturas muito complexas e diferentes das que estavam habituados. Segundo a ideia de Edward Said, (exposta no texto de Matheus Blach, disponível na plataforma), escritor cuja obra tem grande influência na discussão sobre a questão da dicotomia Ocidente/Oriente, no intuito de fortalecer o pensamento ocidental frente ao oriental e legitimar a superioridade filosófica e moral dos conquistadores, surgiu uma visão deturpada do que seria o Oriente, que ficou conhecida como “Orientalismo”, uma visão ocidental pejorativa e preconceituosa do oriente. Segundo Said, o europeu classificava o oriente como um local pitoresco, exótico, numa forma de exaltar sua própria cultura, a elevando a um patamar superior. Essa visão do oriente, que teve origem já nos primeiros contatos entre as civilizações, permanece viva na cultura ocidental, inclusive na Academia. O prof. Helder Macedo em seu artigo “Oriente, Ocidente e Ocidentalização: discutindo conceitos”, escreveu o seguinte: “(...)podemos afirmar que o discurso orientalista deu fundamento e justificação para as estratégias de colonização imperialista inglesa e francesa durante o século XIX”. A superioridade tecnológica, as instituições bem delimitadas e o Capitalismo já bem desenvolvido após a Reforma Protestante eram a base da justificativa da superioridade material e cultural. Segundo este autor, o atentado de 2001 ao World Trade Center, nos Estados Unidos, gerou um discurso que ajudou a propagar com mais veemência a imagem do oriente retrógrado e cheio de fundamentalistas e terroristas, dificultando ainda mais um olhar isento por parte dos ocidentais sobre o oriente.
Na visão dos três autores citados ao longo do texto, o “Ocidente” e o “Oriente” são visões muito mais culturais do que geográficas, e foram construídas ao longo do tempo carregadas com idealismos e preconceitos, na maioria das vezes utilizadas para fins políticos. É necessária uma visão isenta, de preferência baseada em trabalhos como o desenvolvido pelos pesquisadores do documentário “O Ocidente e o Oriente”, para que se estude a História dos povos orientais sendo um morador de um país ocidental. É uma missão difícil, de fato. O prof. Macedo citou em seu artigo trabalhos em que os autores (nascidos no Ocidente) sugerem que a saída para alguns países orientais deixarem de ser “atrasados” seria uma “ocidentalização”, a adoção da cultura ocidental e seus procedimentos, ou seja, a “ocidentalização” seria um remédio para os males orientais.
      Resumindo as ideias dos autores: 1. A ideia de Ocidente e Oriente é uma construção mais cultural do que geográfica; 2. O Orientalismo é uma construção ocidental que enxerga o oriente de forma deturpada, pejorativa; 3. Os conceitos do Orientalismo foram utilizados ao longo dos anos como justificativa para ações imperialistas por parte de países europeus e mais tarde pelos Estados Unidos; 4. Está em processo um fenômeno chamado de ocidentalização, que visa homogeneizar a cultura do planeta tendo como base o Ocidente.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

A Pesquisa na “Era da Informação”



A partir de hoje, passo a publicar uma série de trabalhos que já foram avaliados pelos professores da universidade. Neste aqui, o tema é "pesquisa histórica" e foi tema de uma Avaliação no curso de Licenciatura em História, segundo semestre, matéria "Teoria da História".


A rede mundial de computadores, internet, introduziu um novo meio de pesquisa. Desde que surgiu até hoje, sofreu vários aperfeiçoamentos e é um dos principais meios de se obter informações, sejam notícias, busca documental, procura em base de dados entre outras possibilidades. Estaríamos presenciando a obsolescência das fontes não digitais? Até que ponto a revolução tecnológica está sendo benéfica aos pesquisadores? Esta é uma análise dos textos de dois historiadores, sejam eles Carlo Ginzburg, em dois vídeos, e Robert Darnton na resenha “Cinco mitos na idade da informação”.
Os dois autores concordam que não é a primeira ocasião que o mundo presencia uma “Era da Informação”. O surgimento da imprensa, por exemplo, teria surtido um efeito semelhante no mundo muito antes dos computadores existirem. A novidade da internet, no que tange à pesquisa, não seria o conceito, os enciclopedistas tiveram idéia semelhante, mas sim a tecnologia utilizada. A leitura fragmentária, outra preocupação dos dois autores, realizada em blogs e outras mídias sociais nos dias de hoje, também já seria utilizada anteriormente por juristas e homens públicos, desde a antiguidade, que utilizavam partes de textos para realizar interpretações por vezes descontextualizadas com propósitos diversos. Para Ginzburg, esta leitura seria superficial e prejudicial. Somente uma educação prévia e uma leitura “lenta e profunda” levaria a uma boa utilização dos textos. Darnton não é tão pessimista em relação à leitura fragmentária, defendendo que a mesma pode ser benéfica caso seja aliada a um bom entendimento. Ginzburg enxerga a internet como instrumento “potencialmente” democrático, que atualmente se encontra disponível apenas para alguns privilegiados. Darnton não tece considerações diretas a esse respeito.
Ponto pacífico entre os dois textos é que a pesquisa na internet pode gerar problemas de interpretação. Com muita informação disponível, nem todas confiáveis, o leitor pode chegar a conclusões que não correspondem aos fatos, "interpretando interpretações" já equivocadas. Na internet, qualquer um pode escrever ou falar qualquer coisa. Não é mais necessário para se colocar um livro on-line passar pelo crivo de um editor, por exemplo. É uma facilidade e tem seus benefícios, mas traz riscos a quem pesquisa. Há, então, na internet, “jóias misturadas ao lixo” como observou Ginzburg. Ainda nas palavras de Ginzburg em sua palestra: “O Google é, ao mesmo tempo, um poderoso instrumento de pesquisa histórica e um poderoso instrumento de cancelamento da História, pois no presente eletrônico, o passado se dissolve”. Darnton, logo no início de seu texto, alerta: “(...) ao tentarmos nos orientar no ciberespaço, frequentemente apreendemos coisas de forma errada e esses equívocos se disseminam tão rapidamente que são incorrigíveis”.
Darnton nos mostra que muitos mitos surgidos sobre a chamada “Era da informação” são inverídicos. Entre estes falsos mitos dois se destacam: o livro impresso não está em decadência. Pelo contrário, a edição de livros nesse formato vem crescendo a cada ano; nem toda informação está disponível on-line e, consequentemente, ainda devemos consultar bibliotecas. Ou seja, por mais maravilhosos que possam ser os mecanismos de busca na internet, e sem dúvida facilitaram muito a pesquisa, como o Google, citado por Ginzburg, eles ainda estão longe de abarcar todo o conhecimento textual disponível.
O mito do “futuro digital” também é contestado. Darnton crê que uma nova mídia não destrói necessariamente a anterior, e cita como exemplo que a televisão não acabou com o rádio e que a internet não acabou com a televisão. No ponto de vista de Ginzburg, as fontes digitais não devem concorrer com as fontes físicas, mas sim complementa-las.
Da análise dos dois textos podemos chegar às seguintes conclusões: a internet trouxe novos meios de se pesquisar a História. Facilitou, também, a publicação de artigos, revistas e resenhas, que se encontram aos montes na rede. Diversos projetos atualmente estão empenhados em digitalizar fontes históricas e já é possível acessar documentos importantes sem sair de casa. Como nem todas as fontes estão em formato digital, a pesquisa em arquivos, museus e bibliotecas ainda são necessárias, e talvez nunca deixem de ser, visto que algumas fontes requerem um exame físico, como estátuas, jarros, utensílios e outros objetos que só fazem sentidos se observados in loco, mesmo que possamos vê-las por meio de fotografias (digitais?).
Com a maior facilidade de publicação surge também o problema da qualidade, isto é, deve-se estar atento para as informações irrelevantes, que são muitas, disponíveis on-line. Devemos lembrar que qualquer um pode escrever qualquer coisa, e avaliar o quanto de crédito cada informação merece.
Como no caso exposto por Ginzburg na segunda parte de sua palestra, a descontextualização e a livre interpretação podem induzir quem está pesquisando a uma conclusão equivocada. E há quem se interesse até por essas interpretações errôneas, seja por que se tornam mais atraentes seja por que se tornem mais convenientes.
Por fim, não devemos temer a “era da informação” e sim nos adaptarmos e tomarmos os devidos cuidados ao lidarmos com uma tecnologia extremamente inclusiva. A História é uma grande beneficiária da internet, mesmo com todos os problemas que estão presentes na rede.


domingo, 9 de março de 2014

Os Assírios e a Guerra


O Império Neo Assírio (731-626 a.C.) surgiu quase que exclusivamente por meio do uso do aparato militar. Lutando sob ordem do deus Assur (que também era o nome da principal cidade do império), que nos escritos sagrados ordenou a expansão do império, os reis assírios estenderam seus domínios à base de muita violência. Foi o primeiro grande império que a humanidade presenciou.
A prática de guerra mais identificada com os Assírios (apesar de não serem o único povo da época a praticar o ato) era a decapitação, o corte da cabeça de seus adversários, para fins "estatísticos". A prática ficou conhecida principalmente na época do rei Assurbanipal, "O cortador de cabeças", como ficou conhecido. O avanço do exército não era coordenado e o combate era decidido de luta em luta, o que era comum no período (a situação só mudaria com a criação da organizada falange grega). Cavaleiros montados, carros de combate (carroças de duas rodas puxadas por um par de cavalos) e arqueiros eram as principais armas de combate, como indica a iconografia. Apesar de não utilizarem estribo para se sustentarem em seus cavalos, os arqueiros assírios disparavam flechas a partir de suas montarias. Era um assalto total, todos os meios de combate eram empregados quase que simultaneamente contra a cidade a ser conquistada. 
A vestimenta assíria para o combate era composta de um capacete e de uma cota de couro ou de escamas de ferro para os mais abastados além de sandálias. A infantaria comum lutava com sua vestimenta normal, sem muita proteção adicional e portando uma lança curta. era comum também a utilização de escudos de couro para a defesa individual e uma espécie de domo contra flechas que era retangular e maior que o próprio soldado.
Após a conquista da cidade e da decapitação dos insubmissos, os assírios passavam a cobrar impostos em víveres e em trabalho. Não destituiam o culto às divindades locais, mas exigiam o reconhecimento de Assur como deus superior. 
Um dos maiores combates empreendidos pelos assírios foi realizado já no período final do império, pelo rei Assurbanipal contra o povo do Elam, região no sul do atual Irã. Essa vitória mereceu um enorme mural no palácio real assírio. O rei do Elam, Teumman, foi decapitado e sua cabeça levada por um soldado até Assurbanipal.  
Toda a arte assíria remete à guerra e a conquista militar. Mantiveram seu império desta maneira, levando medo e terror aos locais dominados. Os babilônios formaram uma coalizão contra o domínio assírio que derrubou seu império em 626 a.C. O império assírio já não conseguia gerir um império tão grande. Faltavam-lhes, sobretudo, habilidade política, além de estarem debilitados após o esforço de guerra contra o Elam.

Fontes:
CLINE, Eric H. Impérios Antigos: da Mesopotâmia à origem do Islã, São Paulo: Madras, 2012;

BELTRÃO, Claudia  História Antiga. Volume 1/ Cláudia Beltrão, Jorge Davidson - Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2011;

POZZER, Katia Maria Paim. A comemoração da Vitória: o banquete triunfal assírio, Anais do XXVI simpósio Nacional de História - ANPUH, São Paulo, 2012.