domingo, 25 de setembro de 2011

OS GREGOS E AS GUERRAS






            Todos sabem o quanto a cultura grega influenciou o mundo ocidental. Seus poemas épicos, suas poesias, sua filosofia e outros aspectos são sempre lembrados quando o assunto é discutido. Porém, tão importante quanto a atuação grega no campo das artes e da filosofia foi a atuação bélica. Os gregos tiveram um importante papel para o mundo ocidental, bloqueando o avanço persa sobre seu território, evitou que os mesmos difundissem seu modo de vida ao ocidente, assim como mais tarde Carlos Martel faria com os árabes nas portas do que hoje seria a França.

COMO LUTAVAM?

            Os gregos descobriram como lutar em conjunto de forma eficiente. Antes deles a guerra era decidida pelos atos isolados dos combatentes, tendo pouca estratégia envolvida. Afinal, o que valia mesmo era a atuação dos “heróis”. Era simplesmente um encontro de dois “bandos” em campo aberto. A introdução de uma formação de combate organizada, a Falange Grega, foi uma das grandes evoluções no campo de batalha. Apesar de ter acabado de certa forma com o combate “heróico”, que tornava um homem conhecido por sua técnica de combate (vide a “Ilíada”), este tipo de formação permaneceu sendo utilizado, com algumas modificações, durante muitos séculos. Os hoplitas (os que portavam o hoplon, que era um escudo redondo) eram a tropa principal, armados com uma longa lança e com um escudo, além de utilizarem uma armadura que protegia o braço, as pernas (dos pés até os joelhos)a cabeça (elmo) e o tronco. Lutar como hoplita era para os mais abastados. Havia ainda tropas de menor significância, onde os mais pobres lutavam utilizando o que podiam, quais sejam a Cavalaria, que protegia os flancos da formação, os Peltastas, que eram a infantaria leve e não portavam nem escudo nem armadura e traziam apenas a lança e por fim os arqueiros, tropa de retaguarda. Uma linha de escudos era formada e as lanças ficavam empunhadas e viradas para frente (quem assistiu os “300 de Esparta”?). E assim os gregos avançavam contra seus inimigos. As lutas nesse período da História eram feitas em campo aberto. Não era comum combater em cima de uma elevação ou dentro de uma cidade. Ao inimigo restava romper a formação. Uma vez rompida, seria mais fácil vence-la, mas o problema era que isso era difícil de conseguir na época. A linha de frente dos hoplitas era uma parede de escudos, disposta de modo que o combatente pudesse se proteger e ainda proteger o companheiro a sua esquerda.

COMO O EXÉRCITO SE ORGANIZAVA?

            Temos dois modelos principais de organização. Atenas era a cidade mais desenvolvida. Tinha como principal característica o domínio naval. Sua frota marítima comercial era enorme e o comércio era realizado com os mais importantes portos da região. Não havia lá um exército organizado em tempo de paz. O mesmo era instituído de acordo com a necessidade composto de cidadãos que se dedicavam prioritariamente a outro ofício. Assim, quem podia manter o armamento necessário (escudo, armadura e lança) se tornava hoplita, quem não o podia pegava o que tinha e se reunia para a guerra. Era esse o modelo predominante em quase todas as cidades, como Tebas, por exemplo. Esparta era uma cidade completamente diferente de Atenas. Formada por grandes “barracões” e construções bem menos vistosa que outras cidades, era militarmente muito desenvolvida. O espartano treinava para a guerra quase que o tempo todo disponível.

O EQUIPAMENTO

O hoplon (escudo circular e côncavo) media um metro de diâmetro, pesava mais ou menos 8 quilos e era feito de madeira e às vezes revestido com metal. Mas a principal característica deste escudo era a sua portabilidade: tinha duas alças internas, podendo ser transportado e empunhado com maior facilidade. Era a principal peça geral do hoplita (afinal, eles eram hoplitas porque empunhavam o hoplon).
            A armadura (panóplia, quando completa) era o item mais caro de se manter. Feita de bronze, a parte principal, que cobria o tronco, pesava em média 16 quilos. O capacete pesava 2 quilos e meio e restringia a visão e a audição do combatente em troca da proteção da cabeça. A armadura era cara e seu formato era inflexível: se o dono engordasse precisava comprar outra! Eis porque era difícil de manter este artefato, principalmente se você não fosse espartano (lembre-se que eles treinavam e se exercitavam).
            A lança era o principal item de ataque dos hoplitas. Media 2 metros e meio de comprimento e tinha uma lâmina perfurante em uma ponta e um espeto de metal na outra, que servia de reserva caso a lâmina principal (e maior) se quebrasse.
            A espada curta completava o equipamento dos hoplitas, e era a última opção de ataque, caso a lança fosse destruída.
            A carruagem era utilizada pela cavalaria, e consistia numa plataforma com duas rodas puxada por dois cavalos. Era utilizada para abrigar os arqueiros e arremessadores de lanças. Também era utilizada por líderes militares para desfile e locomoção.
            Vale destacar que os Peltastas, infantaria leve, portavam variado armamento: podiam carregar lanças menores de arremesso, foices, escudos menores feitos de madeira, etc.

FINALIZANDO

            Esse foi um pequeno artigo resumindo o modo de luta e o equipamento dos militares gregos na época das guerras contra os persas. Eis aqui minhas principais fontes de consulta:

-         “The Cambridge history of greek and roman warfare, volume I: Greece, the Helenistic World and the Rise of Rome” Philip Sabin, Hans Van Wees and Michael Whitby, Cambridge University Press.
-         “Osprey Essentials History 036 – Greeks at war, from Athens to Alexander” Philip de Souza, Waldemar Heckel and Lloyd Llewellyn-Jones, Osprey Publishing.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Venderam um pedaço do Brasil: A Questão Nabileque

                                                         Forte Coimbra (fonte: Wikipédia)


Não é difícil encontrar hoje em dia quem tema pela soberania da Amazônia. Grupos indígenas apoiados por ONGs internacionais arrendam partes enormes da região amazônica com as mais diversas intenções, preocupando muitos analistas de política internacional. Porém, o que pouca gente sabe é que a questão já ocorreu em outro Estado de forma muito mais contundente. No estado do Mato - Grosso de 1905 até 1936 uma questão de posse de terrenos devolutos à União gerou muita dor de cabeça ao Exército.

Um terreno próximo à fronteira com o Paraguai, com cerca de 2.000 léguas quadradas (como consta no documento) à cerca de 24 KM da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e próximo ao Forte de Coimbra foi arrendado por um italiano para realizar extração nas matas ali compreendidas. Porém o cidadão cedeu a concessão a uma empresa argentina chamada "Fomento Argentino Sud-Americano" que começou a expulsar os brasileiros da região e estender os limites tratados. O Estado Maior do Exército, que ficou ciente do acontecido por conta de sua presença na região através do Forte Coimbra, agiu denunciando, em 1919, o acontecimento que estava ponde em risco a soberania nacional. 

O Estado Maior exigia do Governo a completa retirada da empresa da região. Apesar de ser constatado por meio de diligências que não haviam armas nem tropas estrangeiras no local, a empresa fazia fronteira com o Forte Coimbra, o que era, sem dúvida, um grande incômodo ao Exército. A venda havia sido efetuada dentro da legalidade, de acordo com a legislação do Estado do Mato Grosso, o que gerou um imbróglio na justiça que ficou conhecido como "Questão Nabileque" em alusão a um rio próximo.

Após anos de contendas judiciais, o Exército conseguiu provar utilizando-se da legislação federal que a área correspondente a um raio de 30 Km em torno do forte poderia ser requisitada após cinco anos do início do contrato, independente da lei Mato-Grossense. O contrato só foi rescindido em 1936, muitos anos depois da primeira denúncia, graças à insistência do Exército.

A questão provou o quanto o Exército, e talvez somente ele atualmente, estava preocupado com a questão da soberania do nosso território. Será que hoje em dia algum general levantará a voz de forma definitiva em defesa à nossa Amazônia?