domingo, 23 de outubro de 2011

Domingo Aéreo - Museu Aeroespacial



Esse domingo, dia 23 de outubro de 2011, foi dia de comemorar os 70 anos de Força Aérea Brasileira com um evento de grandes proporções no Museu Aeroespacial: o chamado Domingo Aéreo, que levou milhares de pessoas a sair de suas casas para presenciar o show. Apesar do tempo nublado, o calor era muito forte na pista, e muitos montaram verdadeiros "acampamentos" para acompanhar as acrobacias e exibições das aeronaves.



Na foto acima um C-130 "Hércules". A foto foi tirada do cockpit de um P-47 "Thunderbolt" que eu estava visitando (muito bom!). Pode-se ver algumas pessoas curtindo a sombra da asa do Hércules. Ao fundo os morros do fim da pista do aeródromo da Base Aérea dos Afonsos.




E por falar em cockpit do P-47, eis a foto. Tudo anológico, uma maravilha! Na época em que ele voava o piloto levava o caça literalmente "no braço"...




Simulação de resgate aéreo, feito pelo pessoal do Exército em um helicóptero AS-332 "Super Puma". Cheguei no evento na parte da tarde por conta do batizado do meu afilhado (isso aí, fui o padrinho!) e cheguei no exato momento desta exibição. Minha filha gostou muito!




E eis aqui os paraquedistas em exibição de salto livre. Foi outro grande momento do evento, as crianças gostaram muito! Aliás esse tipo de evento pode influenciar muito o futuro das crianças. Se sou militar hoje em dia muito devo a isso.



Não dava para passar pelo Museu e não visitá-lo... que historiador seria eu se não o fizesse? Eis aqui a réplica do famoso 14 BIS de Santos Dumont. Dispensa apresentações, não é mesmo? Primeira máquina a voar com impulso próprio (os Wright utilizaram trilhos em um declive para impulsionar inicialmente sua máquina, não esqueçamos).



Para encerrar esse post "fotográfico" um PBY "Catalina", aeronave que patrulhou a costa brasileira durante a 2ª Guerra Mundial em busca de submarinos alemães.

Espero que tenham gostado dessa breve cobertura do evento. Não pude ficar até o fim pois minha filha já estava exausta. Até o próximo evento!



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

70 anos de Força Aérea Brasileira


Lembrar da minha infância é lembrar obrigatoriamente da Base Aérea dos Afonsos. Morei muitos anos próximo desta Base e a coisa mais comum era ver os C-130 Hércules passando bem baixo! Outra coisa marcante eram os shows aéreos que eu frequentava com a maior alegria junto com meu pai (destaque para a apresentação da Esquadrilha da Fumaça). Os helicópteros, os reabastecimentos em pleno vôo, os paraquedistas, tudo isso sempre me impressionava muito. Tanto que servi na Base por três anos...

Pois agora chegou o tempo de passar a tradição para a minha filha e levá-la para assistir ao Show Aéreo que será realizado domingo, dia 23 de outubro em comemoração dos 70 anos da FAB. Vale a pena ir até o Museu Aeroespacial, pois além das excelentes apresentações o público ainda pode visitar o museu, que é muito interessante! Para quem não puder assistir eu vou fotografar o evento e farei um post com as melhores fotos.

Espero vocês lá!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

FORÇA DE EMERGÊNCIA DA ONU: O BRASIL EM MISSÃO NO DESERTO



            Quando o Estado de Israel foi criado, em 1948, no território da Palestina, os ataques aos israelenses (que já ocorriam há muitos anos antes) tornaram-se um problema constante. Já nos primeiros dias os israelenses tiveram que resistir a uma coalizão de vários Estados Árabes (Síria, Egito, Jordânia e Líbano). Vários acordos de paz foram firmados e quebrados, permanecendo sempre o Estado de Israel no seu lugar (se defendendo ou atacando, mas sem nunca ser destruído) e os países árabes na ofensiva. Isso gerou um número grande de refugiados palestinos em Estados vizinhos, pois a convivência era penosa e nem todos estavam dispostos a arriscar a vida para permanecerem na antiga Palestina.
            Na década de 1950 a tensão entre Egito e Israel começou a aumentar. Os egípcios começaram a impedir a passagem dos navios israelenses pelo Canal de Suez, importante via marítima que liga o Mediterrâneo ao Mar Vermelho, assim como em outras passagens importantes para o comércio. O bloco socialista e capitalista começaram a patrocinar as ações de Egito e Israel respectivamente enviando armamentos, criando um cenário típico da chamada “Guerra Fria” que acontecia na época. Como retaliação às ações do Egito, em 1956, os Estados Unidos retiraram o apoio aos empreendimentos daquele país. O presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, então, nacionalizou o Canal de Suez, para que com o lucro obtido com a passagem pela via pudesse financiar seus empreendimentos nacionais (entre eles a construção de uma Usina Hidrelétrica). Isso gerou uma reação da França e da Inglaterra, países que tinham altos investimentos na empresa do canal e que se sentiram prejudicados. Como a resolução da ONU não foi satisfatória aos interesses dos franceses e britânicos, estes apoiaram uma investida de Israel contra o Egito. A intenção era que, com o pretexto de defender o Canal das agressões, tropas dos dois países europeus ocupassem a região. A ONU recusou a proposta e criou a United Nations Emergency Force (UNEF, Força de Emergência das Nações Unidas) para ocupar a fronteira entre Egito e Israel e garantir o armistício. E é aí que entra o Brasil, que fez parte junto a outras nações dessa força de emergência.

BATALHÃO SUEZ

            Foi criado pela Decreto Legislativo nº 51 de 1956 que continha as seguintes disposições:

·        Criava um Batalhão independente para auxiliar a Força de Emergência com o objetivo de manter a paz e a segurança internacional na região compreendida entre o Canal de Suez e a Linha de Armistício entre Israel;
·         O Batalhão estava proibido de participar de qualquer anexação territorial seja ela qual fosse;
·        O Batalhão não participaria da Força de Emergência se dela participassem militares de qualquer nação em litígio na área;
·        O Governo não revestiu de caráter sigiloso a realização da missão, autorizando a cobertura jornalística sem restrições;
·        Autorizava a passagem de tropas de nações amigas pelo território brasileiro a fim de realizarem transporte para região do conflito.

Assim foi organizado o Batalhão Suez, que foi criado no 2º Batalhão de Infantaria Motorizado, o atual Regimento Avaí. Do início ao fim da missão, vinte contingentes participaram da mesma, com rodízio de pessoal ocorrendo a cada seis meses. A missão era a de patrulhar a linha do armistício, na Faixa de Gaza, e impedir incursões de ambos os lados, mantendo a estabilidade no local.


HISTÓRIAS E FATOS DA MISSÃO


            A missão foi cumprida até 1958 com o retorno do último contingente, após a tensão entre Israel e Egito subirem novamente e a situação na fronteira se tornar insustentável. Permanecer era ter que entrar na guerra, e a ONU, seguindo sua conduta, se retirou. Ou seja, os brasileiros permaneceram por lá até o fim da missão. Sofreram muito com o clima desértico (muito quente durante o dia e frio à noite), com a diferença cultural, com os ataques dos guerrilheiros palestinos, com as incursões de ladrões, com as diversas minas colocadas na região entre outras provações. Houve quem se aventurasse além da linha do armistício em busca de mulheres (nos Kibutz israelenses, espécie de fazenda familiar). Houve morte por tiros, doenças, depressão, melancolia por estar longe da família... enfim, são muitas as histórias que esses combatentes tem para contar. Pois bem, existem duas excelentes fontes a serem consultadas por aqueles interessados nessas histórias:

1.      O livro “Operações de Paz: Missão em Suez”, publicado pela BIBLIEx este ano. O livro faz parte do projeto História Oral, que realiza entrevistas com os participantes ainda vivos de vários eventos históricos. É a preservação da memória de nosso país. O livro é muito interessante e traz muitas minúcias do dia-a-dia da tropa na missão.
2.      O site mantido pelos próprios ex-combatentes de Suez disponível em http://www.batalhaosuez.com.br/batsuez.htm, onde são encontrados vários dados estatísticos, fotos, documentos pessoais, entrevistas etc.

Cabe agora ao leitor aceitar a missão e acompanhar nossos combatentes até a Faixa de Gaza, onde a memória desses homens irá guiá-los!