segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Guerra da Coreia: O momento mais quente da Guerra Fria

     
     A Guerra da Coreia (1950-1953) é pouco citada em comparação a outros eventos ocorridos no contexto da Guerra Fria como, por exemplo, a Guerra do Vietnã ou a crise dos mísseis em Cuba. Considerada de pouca importância estratégica para os americanos, em princípio, a Coreia ficou sob o domínio Japonês desde 1905 até o fim da Segunda Guerra Mundial, sem que nenhuma potência se importasse muito e apesar dos protestos do povo coreano. Com a derrota dos japoneses na Segunda Guerra, a Coreia foi dividida e ocupada por forças militares a partir do paralelo 38 entre a União Soviética ao norte (governada pelo ditador Kim Il Sung) e os Estados Unidos ao Sul (comandado pelo nacionalista Singman Rhee). Essa divisão deveria ser apenas temporária, até que o país retomasse a ordem após anos de dependência estrangeira, mas perdurou graças a motivos políticos: a União Soviética tinha a pretensão de instaurar uma República Comunista em toda a península. Os Soviéticos se retiraram em 1948, e os americanos em 1949. Foi então que começaram as hostilidades. A parte sul do país era essencialmente agrária. A principal usina de energia ficava na parte norte, assim como as principais indústrias. Il Sung bloqueou a entrada dos trabalhadores do sul do país, gerando insegurança. O presidente Rhee começou, então, uma tentativa de recuperar a porção norte do país. Tanto Il Sung quanto Rhee apelaram para os governos estrangeiros que haviam ocupado o país. Os comunistas do norte apelaram a Stalin e Mao Tse Tung e os nacionalistas do sul ao governo americano. Inicialmente, a ajuda foi negada por ambas potências. Rhee sofria também com revoltas comunistas em seu território e tinha agentes infiltrados do norte incitando a revolução. Rhee tomou atitudes drásticas matando sem ponderar os opositores de seu regime. Fazia também incursões ao norte, violando a fronteira do Paralelo 38.
     Em 1950, Kim Il Sung invade a parte sul do país, temendo que seus opositores apoiados pelos capitalistas ficassem mais fortes e invadissem o norte. O início do conflito foi desastroso para a Coreia do Sul, ao contrário do que pensavam os americanos. Os norte-coreanos avançaram de forma impressionante sobre o sul, tomando de assalto várias cidades. Seul teve de ser evacuada, e o presidente Rhee ordenou um verdadeiro massacre aos supostos "traidores". A ONU aprovou a intervenção militar, e os Estados Unidos entraram na Guerra por determinação de seu então presidente Truman, uma vez que a medida não foi votada no Congresso (foi considerada medida de emergência). Esperando uma vitória relativamente tranquila, os Estados Unidos enviaram uma Força Tarefa de aproximadamente 420 militares, a Força Tarefa "Smith" em alusão a seu comandante, o Coronel Smith. O início dos combates foi complicado para os americanos, que precisaram de reforços e só depois de muitos bombardeios aéreos conseguiram fazer o exército norte-coreano recuar. A Coreia do Sul estava libertada, mas os americanos pretendiam invadir o norte para desmantelar o governo comunista de Kim Il Sung. Porém, a China e a União Soviética enviaram mensagens à ONU alertando que se houvesse violação do Paralelo 38 pelos americanos, eles enviariam tropas em defesa da Coreia do Norte. Os americanos avançaram e os Chineses cumpriram a ameaça, apoiando com tropas e equipamentos (que a URSS também enviou) a Coreia do Norte.
     Todo o mundo acompanhava o conflito com muita tensão, pois havia grande risco de utilização de artefatos nucleares. Os Estados Unidos haviam mostrado seu poderio nuclear em Hiroshima e Nagasaki no fim da Segunda Guerra e a União Soviética exibiu em 1949 seus testes nucleares, demonstrando que já dominava a nova arma mortífera. A ONU tentava uma mediação, porém sem sucesso, visto que a China e a Coreia do Norte estavam em vantagem. Não só expulsavam os invasores do norte como também preparavam uma ofensiva para invadir o sul do país. Mais treze Estados membros da ONU enviaram reforços bélicos aos americanos e sul-coreanos, incluindo cinco porta-aviões (dentre eles o Sidney da Austrália e o Triumph da Grã Bretanha). Destaque para o Exército Colombiano, pela primeira vez enviando tropas para um conflito além-mar na sua História. Algumas nações apoiaram com reforços logísticos, como a Dinamarca que enviou um navio-hospital.
     Com a guerra equilibrada (e mesmo já pendendo para vitória dos sul-coreanos e aliados) começaram as negociações de paz, que se estenderam por anos a fio. Em 1953 a Coreia permaneceu dividida em norte comunista e sul capitalista e essa divisão permanece até hoje. O conflito não apresentou grandes novidades. A maioria do material utilizado foram os equipamentos remanescentes da 2ª Guerra Mundial. Os aviões a jato e helicópteros estavam entre as novidades que passaram a ser efetivamente utilizadas.

Para saber mais sobre a Guerra da Coreia, recomendo o livro de Stanley Sandler "A Guerra da Coreia: nem vencedores nem vencidos" publicado no Brasil pela BIBLIEX.

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