quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Considerações sobre o Marechal Rondon


Hoje resolvi escrever sobre o insigne Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958), matogrossense, patrono da nobre arma de Comunicações do Exército Brasileiro. Sou um sargento comunicante e brado "Rondon" em várias ocasiões no meu dia-a-dia. Estava  me sentindo um verdadeiro traidor da minha arma, pois já havia postado sobre Sampaio (Patrono da Infantaria) e não havia dito nada sobre Rondon. Estou pagando meu tributo agora... RONDON!

FEITOS DE RONDON

- Foi promovido a Alferes-aluno na Escola Militar da Praia Vermelha (um feito memorável, alcançado por poucos). Isso quase lhe custou a vida, já que ficava estudando até de madrugada e se alimentava muito mal. Não era muito bom em se relacionar com os colegas e vivia isolado. Adoeceu e ficou quase um ano de cama na casa de um amigo.

- Teve como um de seus professores Benjamim Constant, positivista e principal articulador do golpe que derrubou a Monarquia e instituiu a República. Rondon o idolatrava (assim como muitos alunos da Escola Militar da época o faziam), e participou ativamente na proclamação da República ao lado de seu mestre. Tornou-se, também, fervoroso positivista.

- Com seu desempenho muito acima da média, formou-se em Engenharia, e logo foi promovido a Capitão (1890). Foi, então, convidado por Gomes Carneiro para fazer parte da comissão responsável por estender linhas telegráficas pelo interior do país, que em grande parte era desconhecido do homem branco. Aceitou de pronto. Casou-se e um mês depois já havia partido para a missão. Estendeu milhares de quilômetros de fios telegráficos, levando comunicação a postos distantes (muitos fundados com a chegada dos fios).

- Desbravou o interior do país de Mato Grosso do Sul (que na época era parte de Mato Grosso) até a região amazônica. Descobriu rios, ruinas, tribos indígenas... primeiro como auxiliar de Gomes Carneiro e depois como chefe de sua própria comissão.

- Ficou muito famoso no Brasil e no mundo por suas descobertas, sua bravura e seu respeito pelos índios. Foi nomeado chefe do Serviço de Proteção aos índios. Vale lembrar que Rondon era descendente de índios por parte de avós maternos e paternos. Chegou a fazer uma expedição junto com o ex presidente dos E.U.A., Theodore Roosevelt, explorando a Amazônia (1913).

- Inspecionou fronteiras, recebeu várias homenagens e títulos de entidades ligadas às ciências, exerceu cargos de relevância durante todo sua vida.

- Pouco antes de sua morte, foi promovido a Marechal de Exército. Foi eleito o patrono da arma de Comunicações, pelos seus relevantes serviços interligando o pais.

CONSIDERAÇÕES PESSOAIS

      Para mim, Rondon é merecidamente o patrono das comunicações (Arma do Exército). Foi abnegado até o extremo e dedicado 100% ao serviço da Pátria. Chega a dar uma certa angústia quando estudamos suas biografias e notamos o quão afastado permaneceu de sua esposa e filhos. Viveu situações em que colocou sua vida em sério risco. Por vezes foi atacado por animais selvagens. Adoeceu em diversas ocasiões. E nunca pensou em desistir. Da maca, com febre, inspecionava os serviços... do hospital telegrafava e instruía seus subordinados.
      Como líder, não se eximia das lides duras do serviço. Pegava na enxada, no facão, atravessava rios a nado, cavava buracos para fincar postes, caçava... Porém, e calcado no exemplo, exigia até a última gota de suor de seus comandados. Isso lhe rendeu algumas rebeliões, que rechaçava com rigor, recorrendo até a castigos físicos quando não havia outro jeito (se arrepende depois de se aprofundar no estudo do Positivismo). Diga-se de passagem, os soldados que recebia eram aqueles que haviam sido punidos em outros Estados. A ida como soldado para a região era uma "pena" velada. Rondon muito se ressentia desse fato.
      Quanto aos índios, não os atacava e não permitia que fossem atacados. Tinha a convicção que o progresso deveria chegar aos silvícolas, mas nunca ser imposto e sim passado pelo exemplo (pensamento que advinha em grande parte também do positivismo). Com seu método brando e amigável pacificou várias tribos, algumas com histórico de agressividade ao homem branco, muito por causa dos conflitos com seringueiros. Chegou a ser atingido por uma flecha e se salvou por sorte, pois a mesma atingiu sua bandoleira. Nem assim reagiu... deixava sempre sinais de paz e se retirava ao menor indício de descontentamento por parte dos nativos. Insistia até ter o consentimento dos mesmos em prosseguir. Assim, ficava amigo da tribo, e conseguia vários benefícios com isso, inclusive com a incorporação de índios às suas Comissões.
      É uma figura singular em nossa história. Não era muito afeito a política como era feita em sua época. Fazia o que considerava certo, mesmo que não fosse o esperado. Por vezes trabalhou sem gratificações, alegando que o salário já bastava. Exigia retidão também dos seus subordinados, e os punia ou demitia ao menor sinal de desvio de caráter.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

      Para finalizar, vou escrever o que mais me agradou e o que mais me entristeceu na vida do Patrono:

- A dedicação ao serviço, a perseverança e o sentimento de cumprimento do dever de Rondon são sem par em nossa História.

- Como pai de família fiquei meio triste pelos filhos e pela esposa do Marechal Rondon. Posso apenas imaginar o quão dura foi a vida deles longe do pai e do marido.  


Bem, é isso!

Brasil, acima de tudo! RONDON!

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