Todos
sabem o quanto a cultura grega influenciou o mundo ocidental. Seus poemas
épicos, suas poesias, sua filosofia e outros aspectos são sempre lembrados
quando o assunto é discutido. Porém, tão importante quanto a atuação grega no
campo das artes e da filosofia foi a atuação bélica. Os gregos tiveram um
importante papel para o mundo ocidental, bloqueando o avanço persa sobre seu
território, evitou que os mesmos difundissem seu modo de vida ao ocidente,
assim como mais tarde Carlos Martel faria com os árabes nas portas do que hoje
seria a França.
COMO LUTAVAM?
Os
gregos descobriram como lutar em conjunto de forma eficiente. Antes deles a
guerra era decidida pelos atos isolados dos combatentes, tendo pouca estratégia
envolvida. Afinal, o que valia mesmo era a atuação dos “heróis”. Era
simplesmente um encontro de dois “bandos” em campo aberto. A introdução de uma
formação de combate organizada, a Falange Grega, foi uma das grandes evoluções
no campo de batalha. Apesar de ter acabado de certa forma com o combate
“heróico”, que tornava um homem conhecido por sua técnica de combate (vide a
“Ilíada”), este tipo de formação permaneceu sendo utilizado, com algumas
modificações, durante muitos séculos. Os hoplitas (os que portavam o hoplon,
que era um escudo redondo) eram a tropa principal, armados com uma longa lança
e com um escudo, além de utilizarem uma armadura que protegia o braço, as pernas
(dos pés até os joelhos)a cabeça (elmo) e o tronco. Lutar como hoplita era para
os mais abastados. Havia ainda tropas de menor significância, onde os mais
pobres lutavam utilizando o que podiam, quais sejam a Cavalaria, que protegia
os flancos da formação, os Peltastas, que eram a infantaria leve e não portavam
nem escudo nem armadura e traziam apenas a lança e por fim os arqueiros, tropa
de retaguarda. Uma linha de escudos era formada e as lanças ficavam empunhadas
e viradas para frente (quem assistiu os “300 de Esparta”?). E assim os gregos
avançavam contra seus inimigos. As lutas nesse período da História eram feitas
em campo aberto. Não era comum combater em cima de uma elevação ou dentro de
uma cidade. Ao inimigo restava romper a formação. Uma vez rompida, seria mais
fácil vence-la, mas o problema era que isso era difícil de conseguir na época. A
linha de frente dos hoplitas era uma parede de escudos, disposta de modo que o
combatente pudesse se proteger e ainda proteger o companheiro a sua esquerda.
COMO O EXÉRCITO SE
ORGANIZAVA?
Temos
dois modelos principais de organização. Atenas era a cidade mais desenvolvida.
Tinha como principal característica o domínio naval. Sua frota marítima
comercial era enorme e o comércio era realizado com os mais importantes portos
da região. Não havia lá um exército organizado em tempo de paz. O mesmo era instituído
de acordo com a necessidade composto de cidadãos que se dedicavam
prioritariamente a outro ofício. Assim, quem podia manter o armamento
necessário (escudo, armadura e lança) se tornava hoplita, quem não o podia
pegava o que tinha e se reunia para a guerra. Era esse o modelo predominante em
quase todas as cidades, como Tebas, por exemplo. Esparta era uma cidade
completamente diferente de Atenas. Formada por grandes “barracões” e
construções bem menos vistosa que outras cidades, era militarmente muito
desenvolvida. O espartano treinava para a guerra quase que o tempo todo
disponível.
O EQUIPAMENTO
O hoplon
(escudo circular e côncavo) media um metro de diâmetro, pesava mais ou menos 8
quilos e era feito de madeira e às vezes revestido com metal. Mas a principal
característica deste escudo era a sua portabilidade: tinha duas alças internas,
podendo ser transportado e empunhado com maior facilidade. Era a principal peça
geral do hoplita (afinal, eles eram hoplitas porque empunhavam o hoplon).
A
armadura (panóplia, quando completa) era o item mais caro de se manter.
Feita de bronze, a parte principal, que cobria o tronco, pesava em média 16
quilos. O capacete pesava 2 quilos e meio e restringia a visão e a audição do
combatente em troca da proteção da cabeça. A armadura era cara e seu formato
era inflexível: se o dono engordasse precisava comprar outra! Eis porque era
difícil de manter este artefato, principalmente se você não fosse espartano
(lembre-se que eles treinavam e se exercitavam).
A
lança era o principal item de ataque dos hoplitas. Media 2 metros e meio de
comprimento e tinha uma lâmina perfurante em uma ponta e um espeto de metal na
outra, que servia de reserva caso a lâmina principal (e maior) se quebrasse.
A
espada curta completava o equipamento dos hoplitas, e era a última opção
de ataque, caso a lança fosse destruída.
A
carruagem era utilizada pela cavalaria, e consistia numa plataforma com
duas rodas puxada por dois cavalos. Era utilizada para abrigar os arqueiros e
arremessadores de lanças. Também era utilizada por líderes militares para
desfile e locomoção.
Vale
destacar que os Peltastas, infantaria leve, portavam variado armamento: podiam
carregar lanças menores de arremesso, foices, escudos menores feitos de
madeira, etc.
FINALIZANDO
Esse
foi um pequeno artigo resumindo o modo de luta e o equipamento dos militares
gregos na época das guerras contra os persas. Eis aqui minhas principais fontes de consulta:
-
“The
Cambridge history of greek and roman warfare,
volume I: Greece ,
the Helenistic World and the Rise of Rome” Philip Sabin, Hans Van Wees and
Michael Whitby, Cambridge University Press.
-
“Osprey
Essentials History 036 – Greeks at war, from Athens to Alexander” Philip de Souza,
Waldemar Heckel and Lloyd Llewellyn-Jones, Osprey Publishing.